Muito além da “Globeleza”
Há muito tempo, ela provou que não é apenas um corpo e um rosto bonitos. Valeria Valenssa, a ex-globeleza, emprestou seu carisma ao personagem durante 15 anos, conquistou incontável número de fãs, mas conseguiu ser maior do que a bela mulher da vinheta da Globo conhecida internacionalmente.
Embora ainda seja um padrão de beleza, pois mantém a boa forma, ela hoje diz estar realizada e cuidando da família. Inteligente, engajada com as causas sociais, Valeria demonstra preocupação com os padrões rígidos em relação à beleza: “O importante é a autoestima e a saúde”.
Atenta às mudanças na sociedade, acredita que as mulheres têm um grande potencial para transformação do País e opina que o bom desempenho delas na política é uma questão de empenho e dom.
Cheia de projetos, ela concedeu entrevista ao site do PRB/RJ e, entre outros assuntos, falou sobre um que saiu “do forno” recentemente, o lançamento do livro “Valeria, uma vida de sonhos”.
Entrevista
PRB/RJ – Você sempre foi considerada um padrão de beleza e precisava se manter no auge e dentro dos padrões. Na época esta ditadura da beleza lhe trazia algum desconforto?
Valeria Valenssa– Não seguia um padrão de beleza, tenho um biotipo que, na época, se encaixava no que o Hans (Hans Donner, designer) sonhava para o trabalho da Globeleza. Meu corpo era minha tela de trabalho. Até porque o padrão de beleza varia de lugar e também época. Não tinha exigência, sabia que era bom para mim e para o meu trabalho. A dança é uma terapia e me dá prazer até hoje.
PRB/RJ- Você era bem resolvida com seu corpo ou tinha alguma crítica em relação a ele? Digo isso porque a maioria das mulheres deseja tirar ou acrescentar algo (risos). Mesmo sendo a Globeleza passava isso pela sua cabeça?
VV- Temos que ter consciência que ninguém é perfeito, as minhas imperfeições faziam com que o conjunto ficasse em harmonia. Sou feliz assim.
PRB/RJ- O seu livro “Valeria, uma vida de sonhos” (Editora Tinta Negra) está fazendo muito sucesso. Qual foi a sua intenção ao escrevê-lo? Que mensagem gostaria de passar para as pessoas?
VV- No prefácio do meu livro, escrito pelo meu pastor Edmar, é muito bem colocado quando ele diz: “Nenhum de vós vive para si e nenhum morre para si”. Compartilhar a minha história com todos que sonham e que não podem perder a esperança é dom de Deus.
PRB/RJ- E como está a divulgação do livro? Conte-nos novidades…
VV- Estou viajando pelo Brasil junto com a Editora Tinta Negra, muito bem representada pelas amadas Laura Von, Laura Bergallo e Josiane Duarte. Recebo apoio de diversas livrarias, Secretarias de Cultura e da ADHONEP. Fui muito bem recebida por todos. É muito prazeroso ser recebida e acolhida com tanto carinho para todos esses lançamentos, depois de tanto tempo longe da mídia.
PRB/RJ- Além da divulgação do livro, o que faz hoje Valeria Valenssa? E quais são seus projetos? Algo relacionado com a TV?
VV- No momento, lançando meu livro. Em breve, vocês vão saber de alguns projetos legais. Estou voltando aos poucos.
PRB/RJ- Você representava um personagem querido e conhecido em todo país e até internacionalmente. Foram 15 anos de trabalho e notoriedade. Estava preparada para dar adeus a este trabalho, quando chegou ao fim?
VV- Naquele momento não. Sabia que um dia teria um final, mas eu não estava preparada.
PRB/RJ– Com tanta popularidade você nunca pensou em que ingressar na política? Tem a preocupação com a questão social?
VV– Não, nunca pensei em entrar para a política. Se recebesse um convite teria que analisar bastante. Acho maravilhoso e gratificante, quando podemos ajudar alguém. Tenho a honra de ser madrinha da ONG RESSURGIR. O trabalho deles é voltado para ajudar famílias, adolescentes e jovens com cursos técnicos.
PRB/RJ- Você acredita que tenha sido demitida porque, na época, não estava dentro dos padrões exigidos para ser a Globeleza?
VV- Não, até porque depois de dois filhos, ainda gravei a última vinheta. Eles simplesmente queriam mudar. É um direito deles.
PRB/RJ- Analisando a situação hoje, você acha que foi vítima de preconceito ou foi uma decisão técnica da emissora?
VV- Há 15 anos à frente de um trabalho, não poderia ser preconceito. Eles queriam mudar. O Brasil tem muitas mulheres bonitas.
PRB/RJ– Existem muitos casos de pessoas que vão ao extremo por causa do culto ao corpo. Pessoas cada vez mais jovens, buscam os cirurgiões plásticos. O que acha do excesso de vaidade, que leva as pessoas a cometerem loucuras para conseguirem o corpo perfeito?
VV- As mulheres precisam se aceitar e ter autoestima, sem procedimentos radicais. A tecnologia está muito avançada e é para ser usada de maneira certa e não abusiva. Com uma boa alimentação, aliada aos exercícios físicos, pode-se conseguir o resultado desejado, o importante é a saúde. Saúde em primeiro lugar!
PRB/RJ– A Câmara aprovou, esta semana, o projeto de lei do Senado que classifica o feminicídio, (assassinato de mulher em razão de sua condição de sexo feminino) como crime hediondo e o inclui como homicídio qualificado. Qual a sua opinião em relação a estas ações em favor da mulher brasileira?
VV– Toda lei criada que traga benefícios e proteção à mulher é válida.
PRB/RJ– Recentemente, foi comemorado 83 anos da promulgação do voto feminino. Você acredita que as mulheres de hoje
estão mais preparadas e interessadas em política, já que está presente em nosso dia a dia?
VV- Cada vez mais mulheres buscam seu espaço na sociedade, onde muitas têm se destacado servindo como referência até mesmo na política. Acredito que cada um tem o seu dom.
PRB/RJ- Neste mês de março comemoramos o Dia Internacional da Mulher, tornou-se um período em que muitas comemorações para o público feminino são feitas. O que você diria para as mulheres brasileiras que são suas fãs, principalmente em relação ao culto exagerado ao corpo?
VV- Sou grata por todas as mensagens carinhosas e de admiração que recebo diariamente das pessoas que me admiram, como ser humano e mulher. Que todas vocês possam curtir todos os momentos e fases da vida. Lembre-se que tudo passa.
Por Mônica Soares
Ascom PRB/RJ
Fotos: Fernando Torquatto e arquivo pessoal