A Copa, a desordem e os feriados

A realização da Copa do Mundo no Brasil vai forçar algumas capitais do país a decretar feriado em dias de jogos. A abertura da competição, no dia 12 de junho, em São Paulo, e todas as outras cinco partidas no estádio do Corinthians devem contar com essa medida. Se a seleção brasileira chegar à final serão cinco jogos em dias úteis.

O principal motivo para os feriados é um paradoxo: a péssima infraestrutura de trânsito e transporte coletivo, muito criticada pela FIFA e por jornais estrangeiros, pode atrapalhar no fluxo dos torcedores que irão aos estádios. O prefeito paulistano, Fernando Haddad (PT), justifica:

“Nessas condições, é fundamental garantir a redução expressiva do trânsito, impedindo um eventual colapso do sistema viário, descongestionando o transporte público rodoviário e a rede metroferroviária”. Ou seja: uma piada.

O amor do brasileiro pelo futebol transcende qualquer entendimento. Não à toa um dia cunharam a expressão “Pátria de Chuteiras”. Mas os problemas estruturais sem solução que o Brasil enfrenta há décadas estão mais patentes do que nunca. Uma vergonha nacional.

Em vez de se resolver esses gargalos cotidianos e beneficiar não só os turistas nos dias dos jogos, mas toda a população, seguiremos assistindo a soluções paliativas que a longo prazo pouco ajudarão. Após o apito final, o cidadão comum seguirá o seu calvário diário.