Reconstruir o Rio é reconstruir a cidadania do carioca
“E sucedeu que, ouvindo eu estas palavras, assentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus”. (Neemias 1:4)
Após pensar sobre os assassinatos de cem policiais em 2017, a tornar a cidade do Rio de Janeiro como o lugar que mais se mata policiais no mundo; depois de me certificar que o Rio é o município que lidera o desemprego no País; assim como sabedor que a Cidade Maravilhosa e o Estado do Rio de Janeiro estão a enfrentar a pior crise econômico-financeira dos últimos 30 anos; além de conhecedor que autoridades e governantes estão a ser processados, sendo que muitos estão presos, bem como ter ciência que a violência, a pobreza, a prostituição e o tráfico de armas e de drogas estão a desmontar a cidadania do carioca e, com efeito, efetivar um processo de desconstrução moral e social sem precedentes, logo veio ao meu pensamento o personagem bíblico Neemias, o libertador e líder político e religioso, que suplicou a Deus para que o povo judeu se mobilizasse e retomasse a cidade de Jerusalém de seus inimigos e algozes.
Este mesmo processo dantesco de desmonte da cidadania dos judeus de Jerusalém dos tempos de Neemias está a acontecer no Rio de Janeiro, sendo que ainda pior e mais grave, porque o inimigo dos Judeus era outro povo, com seu exército a dominar territórios e a ocupar cidades, a exemplo de Jerusalém, pois inimigo estrangeiro de séculos.
Na cidade do Rio, as questões se misturam e causam grande confusão e distorcem as realidades, porque se evidenciam de inúmeras formas e maneiras as crises de ordens políticas, econômicas e sociais, que fazem com que as pessoas não tenham uma exata compreensão do que ocorre na cidade de todos os cariocas e brasileiros.
Somos um mesmo povo, mas que, para os desgosto e decepção dos homens e das mulheres de boa vontade, está a se digladiar, a entrar, literalmente, em guerra, a se enganar e trair, em busca de ganhos materiais, financeiros e patrimoniais rápidos e que permitam uma presumível ascensão social, exemplificada na busca por status, dinheiro e vida fácil, sem fazer esforço, a se dedicar e a ter responsabilidade social, coletiva e familiar.
Neemias percebeu o que estava a suceder em Jerusalém, ou seja, a mesma situação caótica que o povo carioca, em sua plenitude, enfrenta e compreende o que está a acontecer em sua cidade, que está a se defrontar com severa crise, porque tal qual a Jerusalém, a cidade está a ser ocupada por forças beligerantes em inúmeros segmentos sociais, no que concerne à corrupção endêmica por parte de agentes do Estado, bem como no que é relativo à má conduta de parte da população, que está diretamente envolvida em crimes.
Além disso, existe uma parte da sociedade que, mesmo a não se envolver com o crime e a corrupção, se torna cúmplice de tais ilegalidades e malfeitos, quando também se conduz de forma antissolidária, antissocial, antidemocrática e completamente egoísta e sectária, de forma que a sociedade se embrutece e, consequentemente, passe a ser geradora de violência e de todo tipo de crise social e econômica.
Neemias orou a Deus para que o povo judeu se restabelecesse moralmente e, por sua vez, retomasse sua coragem e competência para recuperar Jerusalém de seus inimigos. O Rio de Janeiro tem de fazer a mesma coisa, tomar como exemplo a coragem, a dedicação, a humildade e a noção de coletividade e solidariedade entre as pessoas — os cidadãos. O Rio tem de voltar a ser da sociedade e dos cidadãos, bem como se recuperar economicamente e, por seu turno, transformar-se em uma sociedade vocacionada para o bem-estar de todos os cariocas.
Vereador João Mendes de Jesus (PRB)