País rico é país educado
O desenvolvimento social obrigatoriamente precisa passar primeiro pelo desenvolvimento humano, que, por sua vez, é promovido principalmente com a educação de qualidade.
Houve tempos em que o ser humano não dominava as culturas de subsistência mais fundamentais e simples que se possa imaginar, como por exemplo: as técnicas do plantio, da colheita, do armazenamento e domínio de aspectos essenciais para haver o mínimo de condições de vida individual ou coletiva.
Ao tentarmos analisar a trajetória de como a humanidade vem se compondo e se comportando ao longo de sua existência, os indícios nos sugerem que, ela (humanidade) parece ter demorado perceber a noção de individualidade; no entanto, para ela (humanidade), uma das maiores dificuldades, talvez, ainda seja aprender e aperfeiçoar o precioso significado da vida em coletividade.
Esse período foi denominado por alguns estudiosos das ciências humanas como: “Estado de natureza do homem.” Naquelas condições, presume-se que o medo da morte brutal assombrava constantemente as pessoas — não havia a noção de tempo — suas reações estavam mais relacionadas ao instinto de sobrevivência do que à razão. Era uma espécie de lei da selva, aplicada aos predadores do mundo natural que ocupam o topo da cadeia alimentar, no qual os mais fortes geralmente prevalecem sobre os mais fracos.
No caso dos homens, enquanto ainda no estado de natureza, os bandos mais numerosos costumavam prevalecer sobre os menores e mais fragilizados. Praticamente não se existia o conceito de residências fixas, pois, por temerem a morte, pela escassez de água e alimentos, já que não possuíam o conhecimento das técnicas agrícolas, de conservação dos alimentos e combinação dos usos dos recursos, inclusive hídricos, nossos ancestrais viviam migrando.
Em síntese, o conjunto dessas necessidades, somadas ao assombro da iminente morte violenta praticada pelos de sua própria espécie, impedia-os de aprender para se desenvolverem. Pois, sem a sensação de paz e segurança, era praticamente impossível conseguir parar para pensar, aprender, dominar técnicas, respeitar ou tolerar, para que então, através das relações sociais, se pudesse trocar experiências e multiplicar entre si o conhecimento adquirido.
Não pode existir desenvolvimento humano ou prosperidade social sobre quaisquer aspectos sem que haja educação de qualidade.
Todo e qualquer avanço positivo que se deseje obter, nos mais variados cenários, por vezes, vai requerer ou mesmo nos impor a reforma do próprio pensamento. Precisamos nos mobilizar para tentar rever nossos conceitos sobre formas, fórmulas e políticas públicas adequadas à nossa realidade social para a área do ensino.
Sem uma educação de qualidade, tornar-se utopista vislumbrar a prosperidade de um povo, muito menos o aterramento dos abismos sociais, as desigualdades.
Justiça social exige isonomia, sobretudo ao direito de se obter na rede pública de educação, geralmente utilizada pelas famílias de baixa renda, um ensino com qualidade equivalente ao das mais bem ranqueadas instituições particulares de ensino do Brasil e do mundo. Nesses novos tempos, não é exagero buscarmos as melhores referências de ensino planetário, pois a mundialização é real e irreversível. Precisamos de bons parâmetros para a proposição de boas e eficazes políticas públicas voltadas para a educação.
Tem muita gente boa e credenciada envolvida nessa luta, ou seja, por tentar melhorar a educação pública. Parte da sociedade, como professores(as), profissionais e especialistas da área de educação, está focada em promover melhorias para o modelo de nosso ensino público. Porém, é perceptível, que, talvez, o maior entrave para essa construção, isto é, do avanço rumo à qualidade de nosso ensino, seja por parte da maioria dos da própria classe política, que ocupam os parlamentos nas esferas federal, municipais e estaduais. Em parte, talvez, por desconhecimento, falta de vontade política ou, como recentemente disse o Ministro Marco Aurélio de Melo em entrevista à revista Veja, ao ser perguntado sobre esse assunto. “O senhor foi presidente do TSE em 1996 e 2006 e agora ocupa o cargo pela terceira vez. A política melhorou nesse período?” Ao que respondeu o Ministro: Infelizmente não. Continuamos com candidatos que buscam cargos não para servir à sociedade, mas para se servir dela.”
A classe política precisa personificar os interesses públicos. A educação pública de qualidade é uma necessidade latente. Somente a educação é capaz de erradicar os feudos políticos, o coronelismo, a miséria e a má qualidade histórica dos parlamentos.
As escolas públicas precisam se tornar um ambiente digno, saudável e atrativo, tanto para alunos, como para os professores(as). Em sua maioria, as instituições privadas de ensino se propõem exatamente a isso, ou seja, serem atrativas, com prédios agradáveis, limpos, funcionais, acessíveis, seguros, ginásios poliesportivos, laboratórios e principalmente a boa qualidade de sua educação. Todo mundo gosta e deseja ser bem atendido.
Os professores têm de ser valorizados, pois eles são os principais atores sociais dessa revolução de enriquecimento a partir da educação. A princípio, a profissão do professor(a) era sinônimo de sacerdócio, vocação.
O ser humano precisa de motivação, de modo que os professores precisam estar motivados e dignamente remunerados. Dessa forma, eles tendem a exercer a profissão com mais prazer. Mais bem remunerados, eles (educadores) terão como investir na sua própria qualificação.
Quer dizer, presume-se que melhorarão seu desempenho profissional, entregando mais dedicação e qualidade de ensino aos educandos.
Educação é o caminho, o professor(a) é o cara e o voto é a principal ferramenta para construir a pavimentação das boas e eficazes políticas públicas para a educação do nosso país.
País rico é país educado.
Juntos somos mais fortes, porque juntos podemos muito mais!
Veja os dados a seguir, levantados numa matéria escrita pelo jornalista David Telles:
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) divulgou, recentemente, o Relatório de Monitoramento Global da Educação para Todos e constatou que o Brasil está entre os 53 países que ainda não atingiram e nem estão perto de alcançar os Objetivos de Educação para Todos até 2015, apesar de alguns avanços no setor. O País ainda tem 12,9 milhões de pessoas analfabetas, segundo último relatório da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), organizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o levantamento, o número de cidadãos com mais de 15 anos que não conseguem sequer escrever um bilhete diminuiu apenas 1,1% em três anos.
Esse documento da Unesco vem completar o último Relatório de Desenvolvimento, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que apontava o Brasil com a 3ª maior taxa de evasão escolar (24,3%) entre os 100 países com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), atrás apenas da Bósnia-Herzegovina (26,8%) e das Ilhas de Cristovam e Névis (Caribe) (26,5%). Um em cada quatro alunos que inicia o ensino fundamental no País abandona a escola antes de completar a última série. Na América Latina, apenas a Guatemala (35,2%) e Nicarágua (51,6%) têm taxas de evasão superiores. O Haiti não teve o índice divulgado.
Segundo a Organização Contas Abertas, até outubro do ano passado, os investimentos orçamentários da União estavam caindo e 21 órgãos dos Três Poderes foram os responsáveis por essa retração de novos recursos.
O que apresentou maior recuo foi o Ministério da Educação. Só para o internauta ter uma ideia, de janeiro a outubro de 2013, o MEC reduziu em R$ 1,8 bilhão os valores desembolsados para obras em compras de equipamentos no setor. O ministério aplicou R$ 6,4 bilhões, no período, contra R$ 8,2 bilhões em 2012. O MEC, por sua vez, se defende alegando, entre outros fatores, que o volume de pagamentos foi menor em 2013 se comparado ao mesmo período de 2012 e que a Lei Orçamentária Anual 2013 só foi aprovada em março último.
Mas, a verdade é que o País precisa de parlamentares comprometidos com esse segmento, porque a Educação é um direito fundamental e essencial para o exercício de todos os direitos. O planeta ainda possui cerca de 774 milhões de analfabetos e cerca de 57 milhões de crianças ainda fora do ensino fundamental e, lamentavelmente, o Brasil ainda contribui significativamente para este triste cenário. Precisamos repensar também nos critérios que definem a qualidade da Educação e as condições das nossas unidades educacionais. As iniciativas para o setor precisam ser mais ambiciosas para mudar esse quadro.
Fonte: carlosmacedoprb.com.br