Com voto favorável de Tia Eron (BA), Conselho de Ética aprova cassação de Cunha
O voto da deputada Tia Eron (BA) foi decisivo para a cassação do mandato do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, na tarde desta terça-feira (14). A republicana rechaçou os deboches dos colegas parlamentares por sua ausência na última reunião do conselho e criticou a pressão da mídia e das redes sociais.
“O meu partido foi colocado no ‘imaginário balcão de negócios’ onde a chantagem seria a moeda de troca. No PRB, deputado Chico Alencar, não se troca votos por cargos ou quaisquer outras vantagens. Nossa política é diferente e eu preciso registrar isso aqui. Eu não posso absolver o representado nesta tarde. Não posso. Quero votar sim pelo relatório do deputado Marcos Rogério”, disparou a parlamentar.
A deputada fez duras críticas à imprensa pelas matérias que fizeram varredura na sua vida pública. “Eu não sou estrela, sou dada ao trabalho. Quero recomendar à imprensa a leitura de Umberto Eco e do nobre Darcy Ribeiro, quando escrevem sobre a desconstrução do óbvio. Leiam, por favor, bem como toda a sociedade, que não deve ser menos reflexiva, mas deve ter o cuidado de, quando ler as manchetes, questionar quem está ganhando com isso: a quem interessa tudo isso”, ponderou a deputada.
No início da reunião, a republicana também rechaçou os deboches dos colegas por sua ausência na última reunião do conselho. “Me surpreendeu os senhores não me procurarem hoje e nem sequer citarem meu nome. Entenderam que de fato não mandam nesta nega aqui. Nenhum dos senhores mandam em mim. Eu não fui abduzida, nobre deputado Marchezan. Questionaram ‘Cadê Tia Eron para resolver o problema que os homens daqui não conseguiram’, não é mesmo? Já que é pra resolver, vou resolver”, afirmou.
Eron disse que, para criticar, é preciso ter ciência. “Quero aqui citar o nobre ministro Marcos Pereira, que é professor e vossas excelências deviam tomar aula com ele. O presidente licenciado do Partido Republicano Brasileiro me deu a tranquilidade, a liberdade e a paz para eu fazer este julgamento. Ele chegou a ministro sem negociar cargos, e sem fazer barganha. Vossas excelências julgam sem a devida apuração. Lamento dizer isso, mas foi o que eu ouvi aqui desde o dia em que cheguei”, acrescentou.
O parecer foi aprovado por 11 votos a 9, já que um aliado de Cunha, o deputado Wladimir Costa (SD-PA), mudou de opinião após o voto da deputada Tia Eron. Agora, será aberto prazo de cinco dias úteis para recurso à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), antes que a matéria siga para votação no plenário da Câmara dos Deputados.
Por Mônica Donato (Ascom Liderança do PRB na Câmara dos Deputados)
Foto 1: Douglas Gomes
Foto 2: Alex Ferreira / Câmara dos Deputados