Futuro e influência nas mãos dos Brics
Os cinco grandes emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, considerados países que lutam pela afirmação de uma associação de países importantes, mas que ainda não atuam em frentes internacionais como um bloco econômico e comercial oficial perante os fóruns internacionais, na verdade se tornaram softs powers, que significa, em português, de acordo com as teorias das relações internacionais, a descrição da habilidade de um corpo político (o Estado, por exemplo), que passa a ter hegemonia sobre outros Estados, cujos países sofrem influência comportamental, cultural, ideológica e econômico-financeira, sem, no entanto, os países influenciados serem dominados militarmente, mas, sobretudo, por valores e ideias de um país ou um grupo de países, que se sobrepõem à maioria das nações.
Por sua vez, soft power significa poder brando, suave ou de convencimento, e tal termo foi usado pela primeira vez, no fim dos anos 1980, pelo professor de Harvard, Joseph Nye. A verdade é que os países membros dos Brics tem muitas diferenças, principalmente a Índia e a China, sendo que os indianos tem boas relações com os EUA, apesar das desconfianças históricas por parte dos primeiros, bem como a China, maior competidora em âmbito mundial em relação aos norte-americanos, sempre desejou ter sua moeda, o yuan, como moeda forte no âmbito dos Brics, sendo que a sede do banco dos Brics fica na China e seu presidente é indiano.
O Brasil, que atualmente está mais enfraquecido no que tange seu poder de influência perante os fóruns internacionais, sempre viu o Brics como uma oportunidade de formalizar novos negócios, a fim de se tornar um player internacional e, com efeito, conquistar novos mercados, sem, no entanto, alinhar-se automaticamente aos interesses dos Estados Unidos, de forma que sua política externa até meados de 2016, quando o governo Temer passou a se descolar dos Brics e até mesmo de blocos importantes como o Mercosul e Unasul, realidade esta que se concretizou com mais força e ênfase no governo Bolsonaro.
Contudo, os Brics continuarão a exercer seu papel e a se fortalecer, apesar do protecionismo da maioria de seus governos, no que é relativo aos seus mercados internos. Sabe-se, por exemplo, que o capital estrangeiro procura países não protecionistas, baixos salários e leis trabalhistas menos severas, de forma que possam investir e garantir sua parte, além de estabelecer novas cargas de horários de trabalho, sempre a visar o desenvolvimento da produção. Somado a isto, reconhece-se que no âmbito dos Brics, apesar dos interesses e diferenças entre os países, os Brics continuam a gerar crescimento, mesmo menor que dos anos anteriores, a combater a inflação e melhorar as condições de vida de seus povos. Os Brics são uma realidade e certamente continuarão a exercer suas forças econômicas e políticas no mundo.
João Mendes de Jesus
Secretário municipal de Assistência Social e Direitos Humanos